tempestade
Para driblar a mente inquieta, abriu a caixa de fósforos. Ficou a caçar palitos inúteis, já riscados, tentando pôr ordem em alguma coisa.
Sentada em uma mesa mais afastada no café, não conseguia se concentrar na leitura de um livro excepcional, que teria lido de uma vez, sem qualquer interrupção, se o houvesse descoberto meses antes. Talvez fossem as folhas muito grudadas e a encadernação mal feita, mas o fato é que ela não conseguia focar em coisa alguma por mais de cinco minutos.
Bebeu o café em poucos e fartos goles, já pensando que sua falta de concentração o largaria sobre a mesa por muito tempo e o esfriaria.
Aquele vento de fim de tarde ganhava velocidade, anunciava uma tempestade. E ela se arrependia do vestido curto e sem mangas que havia escolhido para aquele dia.
Vestia preto (as botas, os óculos e o tal vestido curto). Não estava sociável e a cor a vestiu como um prenúncio daquele isolamento propositado, que a escondia entre estranhos em uma mesa de canto de um lugar qualquer.
O passar das horas aumentava a expectativa (e com ela, terríveis frustrações) por um telefonema que não chegava; o telefonema que poria luz em seu corpo vestido de preto, em seu juízo já quase inteiro em sombras, que ainda tentava compreender, com um resto de serenidade (e que falhava), aquele silêncio que a tornava muito esquecida naquele café.
Observou uma moça sentada a poucos metros de sua mesa, que ora a olhava, ora lia seus textos. Talvez tentasse compreender-se, pensou, em sua imagem escura. No entanto era ela que tentava se ver naquela estranha, tão estranha que vestia verde claro.
Em sua mesa havia livros, bolsa, folhas de caderno, tudo espalhado, em desordem.
Seu olhar estava escorregava pelos livros, pelo celular (que ela checava com freqüência). Talvez também esperasse por um telefonema.
Ou ainda (e é muito mais provável), ela tentava apenas estudar (como as muitas outras pessoas com seus livros e pastas nas mesas em nossa volta). E o celular a certificava das horas; ela deveria ter um teste no fim daquela tarde. E estaria pensando nessa prova, que iria lhe dar, afinal, o diploma da faculdade.
Absorvida por esses pensamentos, se sentiu subitamente só.
Despertou com vento já mais frio e mais veloz e pensou na chuva que viria.
Fechou seu livro pouco lido, pegou suas chaves, os óculos. Deixou o café com o celular em punho, ainda esperando que no caminho para o carro ele pudesse tocar.
Para driblar a mente inquieta, abriu a caixa de fósforos. Ficou a caçar palitos inúteis, já riscados, tentando pôr ordem em alguma coisa.
Sentada em uma mesa mais afastada no café, não conseguia se concentrar na leitura de um livro excepcional, que teria lido de uma vez, sem qualquer interrupção, se o houvesse descoberto meses antes. Talvez fossem as folhas muito grudadas e a encadernação mal feita, mas o fato é que ela não conseguia focar em coisa alguma por mais de cinco minutos.
Bebeu o café em poucos e fartos goles, já pensando que sua falta de concentração o largaria sobre a mesa por muito tempo e o esfriaria.
Aquele vento de fim de tarde ganhava velocidade, anunciava uma tempestade. E ela se arrependia do vestido curto e sem mangas que havia escolhido para aquele dia.
Vestia preto (as botas, os óculos e o tal vestido curto). Não estava sociável e a cor a vestiu como um prenúncio daquele isolamento propositado, que a escondia entre estranhos em uma mesa de canto de um lugar qualquer.
O passar das horas aumentava a expectativa (e com ela, terríveis frustrações) por um telefonema que não chegava; o telefonema que poria luz em seu corpo vestido de preto, em seu juízo já quase inteiro em sombras, que ainda tentava compreender, com um resto de serenidade (e que falhava), aquele silêncio que a tornava muito esquecida naquele café.
Observou uma moça sentada a poucos metros de sua mesa, que ora a olhava, ora lia seus textos. Talvez tentasse compreender-se, pensou, em sua imagem escura. No entanto era ela que tentava se ver naquela estranha, tão estranha que vestia verde claro.
Em sua mesa havia livros, bolsa, folhas de caderno, tudo espalhado, em desordem.
Seu olhar estava escorregava pelos livros, pelo celular (que ela checava com freqüência). Talvez também esperasse por um telefonema.
Ou ainda (e é muito mais provável), ela tentava apenas estudar (como as muitas outras pessoas com seus livros e pastas nas mesas em nossa volta). E o celular a certificava das horas; ela deveria ter um teste no fim daquela tarde. E estaria pensando nessa prova, que iria lhe dar, afinal, o diploma da faculdade.
Absorvida por esses pensamentos, se sentiu subitamente só.
Despertou com vento já mais frio e mais veloz e pensou na chuva que viria.
Fechou seu livro pouco lido, pegou suas chaves, os óculos. Deixou o café com o celular em punho, ainda esperando que no caminho para o carro ele pudesse tocar.
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