27 novembro, 2004

encontro


Costumava fugir de perguntas.

Antes que elas viessem, já podia sentir a presença delas – e pensava em cinco ou seis respostas rápidas (e em duas ou três perguntas para rebater), de modo que, de tanto perguntar para fugir de perguntas, tornou-se a confidente especial de quase todos os seus amigos.
Ouvia-os atentamente, deixava-os falar e aproveitava ao máximo todos os momentos em que não precisava ficar elaborando novas perguntas.

Um dia, no entanto, sentiu-se inteira exposta. E não falou palavra nenhuma, só fez olhar. Olhou pra ele e não conseguiu disfarçar o espanto - quem era? De onde era? Que nome tinha?

A sorte tinha virado.