10 outubro, 2005

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balthus. o rei dos gatos

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g

Era um gato de ébano
estático e mudo:
um gato geométrico
talhando em silêncio
o seu salto mais duro.
Era um gato macio
se visto de perto,
um bicho de carne
ao olho certeiro,
arrepio de sombra
subindo nas pernas,
um lance no escuro,
um tiro no espelho.
O gato era um ato,
uma estátua viva,
uma lâmpada acesa
no umbigo de Alice.
Era um gato concreto
no meio da sala:
era uma palavra
afiando palavras.
Era a fome do gato
e sua pata à espreita,
veludo-armadilha:
uma única letra.



[poema de Micheliny Verunschk, encontrado na revista coyote nº6]



1 Comments:

Blogger Gisella Hiche said...

afiando palavras de quem sentiu na espinha a transição da lâmpada acesa para a escuridão

11 outubro, 2005 23:04  

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