no meio do caminho ou Aos 23 anos e 4 meses
(in: colaborações)
No meio do caminho, me atinei de tudo aquilo. No meio de toda a
indecisão de ir ou não ir, percebi que já não tinha escolha. Ou tinha?
O caminho estava traçado, e com letras grandes; quase impossível que
eu não visse por onde eu deveria ir. Tudo me indicava o que fazer. Mas
não sei por que aquilo tudo não me atraía mais. Antes, de longe, me
parecia um mundo atraente, prazeroso, e fácil, muito fácil. Todos
parecendo felizes - e talvez até sejam -, pessoas de sucesso, a
fórmula da felicidade na sua pura aplicação.
Teria permanecido assim se eu não tivesse pensado, se eu não tivesse
me atinado de tudo aquilo. Desejei estar ali, chegar até ali, mas
quando já ali desejei não ter visto, não ter sentido, simplesmente
queria ter seguido; como teria sido mais fácil, Deus como teria sido
mais fácil! Acho que se pudesse escolher naquela hora, optaria pela
cegueira, por não ver, ou por uma simples e forte miopia.
Bem-aventurados aqueles que não vêem, já me diziam (por que raios não
ouvi? nunca ouço). Sem dúvida a felicidade fácil mora ali, naquele
caminho seguro por onde muitos passaram. Tudo à mão, tudo na
prateleira do supermercado; a felicidade embalada para viagem... E nem
fechar os olhos consigo mais, nem isso me resta. Me vejo quase
sozinho, a solidão à flor da pele, queimando como uma ferida aberta.
Onde é que estão as pessoas?! Onde é que elas se meteram?! Não é
possível que não vejam, não vêem!
É, Marco, ao contrário do que imaginou, que difícil fazer um novo
caminho no meio da areia virgem...
Marco Kinzo Bernardy
No meio do caminho, me atinei de tudo aquilo. No meio de toda a
indecisão de ir ou não ir, percebi que já não tinha escolha. Ou tinha?
O caminho estava traçado, e com letras grandes; quase impossível que
eu não visse por onde eu deveria ir. Tudo me indicava o que fazer. Mas
não sei por que aquilo tudo não me atraía mais. Antes, de longe, me
parecia um mundo atraente, prazeroso, e fácil, muito fácil. Todos
parecendo felizes - e talvez até sejam -, pessoas de sucesso, a
fórmula da felicidade na sua pura aplicação.
Teria permanecido assim se eu não tivesse pensado, se eu não tivesse
me atinado de tudo aquilo. Desejei estar ali, chegar até ali, mas
quando já ali desejei não ter visto, não ter sentido, simplesmente
queria ter seguido; como teria sido mais fácil, Deus como teria sido
mais fácil! Acho que se pudesse escolher naquela hora, optaria pela
cegueira, por não ver, ou por uma simples e forte miopia.
Bem-aventurados aqueles que não vêem, já me diziam (por que raios não
ouvi? nunca ouço). Sem dúvida a felicidade fácil mora ali, naquele
caminho seguro por onde muitos passaram. Tudo à mão, tudo na
prateleira do supermercado; a felicidade embalada para viagem... E nem
fechar os olhos consigo mais, nem isso me resta. Me vejo quase
sozinho, a solidão à flor da pele, queimando como uma ferida aberta.
Onde é que estão as pessoas?! Onde é que elas se meteram?! Não é
possível que não vejam, não vêem!
É, Marco, ao contrário do que imaginou, que difícil fazer um novo
caminho no meio da areia virgem...
Marco Kinzo Bernardy
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