04 junho, 2006

Carlos Miguel Fernandes, Praia de Barceloneta,
março de 2001


até onde podemos saber

" Em cosmologia se define um horizonte: visto que o Universo tem uma idade finita, definida como o tempo transcorrido entre sua origem e hoje, em torno de 14 bilhões de anos, a distância ao noso horizonte cósmico é de 14 bilhões de anos- luz, ou o que a luz percorre em 14 bilhões de anos. Como nada pode viajar mais rápido do que a luz, o horizonte cósmico determina uma fronteira absoluta do conhecimento: mesmo que algo exista além dele, não podemos receber informação a respeito...

Hoje, os astrônomos detectam radiação vinda de objetos a 13 bilhões de anos-luz de distância, menos de um bilhão de anos- luz da origem: o cosmo em sua adolescência, as primeiras galáxias nascendo, juntamente com seus milhões de estrelas. Será então possível, com telescópios cada vez mais poderosos, observar a própria origem do universo, a origem do tempo?

Infelizmente não. Um pouco antes do horizonte cósmico de 14 bilhões de anos- luz encontramos outro horizonte, a fronteira do que é observável diretamente. Para vermos um objeto, a luz tem que viajar livremente entre ele e nossos olhos (ou telescópios, dá no mesmo). Considerando que o Universo está em expansão desde sua origem, voltar à infância cósmica significa reverter a um passado onde galáxias que hoje estão separadas por distâncias de milhões ou bilhões de anos- luz estavam muito próximas.

Quando essas distâncias relativas encolhem a um fator de mil, o Universo era tão pequeno que sua temperatura era também em torno de mil vezes maior. Isso porque a temperatua aumenta quando a matéria é comprimida. A essas temperaturas, átomos são dissociados e seus componentes, elétrons e núcleos, passam a ser livres... A radiação, cuja porção visível chamamos de luz, não podia mais viajar livremente, chocando-se constantemente com elétrons e prótons. O universo deixa de ser transparente: durante sua infância o cosmo era opaco."

Horizontes perdidos, artigo de Marcelo Gleiser (para o caderno Mais!, 4 de junho de 2006)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

tudo é um.


zero.

círculo.

04 junho, 2006 23:40  

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