01 março, 2005

vagarosamente, ao vento

Não recordo seu rosto.
Que já misturo com outros que cruzo pelas ruas, pelo metrô, pelos pontos de ônibus - visões sem importância que a distância e o tempo depositam sobre minha memória infiél. Tento soprar a poeira sobre minhas recordações de ti, mas ela são um palimpsestro monstruoso, de endurecidas camadas.
Lanço as palavras (todas elas tão gastas) para ver se o exercício da escrita te traz pra perto, para dentro do espaço do meu pensamento.
Sei, no entanto, que é impossível capturar tua figura.