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Agora só espero a despalavra: a palavra nascida
para o canto - desde os pássaros.
A palavra sem pronúncia, ágrafa.
Quero o som que ainda não deu liga.
Quero o som gotejante das violas de cocho.
A palavra que tenha um aroma ainda cego.
Até antes do murmúrio.
Que fosse nem um risco de voz.
Que só mostrasse a cintilância dos escuros.
A palavra incapaz de ocupar o lugar de uma
imagem.
O antesmente verbal: a despalavra mesmo.
[Manoel de Barros, no livro Retrato do Artista Quando Coisa]
.
Agora só espero a despalavra: a palavra nascida
para o canto - desde os pássaros.
A palavra sem pronúncia, ágrafa.
Quero o som que ainda não deu liga.
Quero o som gotejante das violas de cocho.
A palavra que tenha um aroma ainda cego.
Até antes do murmúrio.
Que fosse nem um risco de voz.
Que só mostrasse a cintilância dos escuros.
A palavra incapaz de ocupar o lugar de uma
imagem.
O antesmente verbal: a despalavra mesmo.
[Manoel de Barros, no livro Retrato do Artista Quando Coisa]
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6 Comments:
sempre lindo o Manoel de Barros... ele mudou muito minha relação com a poesia - e, portanto, com a vida. O que mais amo dele é uma didática da invenção... leram, né?
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
os poemas do manoel desfazem com mínimo esforço os nós da linguagem:
como cadarços que andaram muito tempo apertados e afinal se soltaram limpidamente com sua leitura,
luz de rã a nossos pés.
beijo vanessa
Este é um dos poetas que me alfabetizou. Irresisto quando vejo seus poemas.
Gostei do seu espaço.
Abraço.
gostei daqui, várias pessoas postam. meu blog um dia foi assim: uma equipe. agora me resta a mim eu mesmo; e uns leitores. ufa.
parece uma antologia. dei uma olhada geral e vi vários poetas diferentes, inclusive poetas da casa.
cheguei aqui pelo blog da angelica (que entrou de férias para trabalho).
abraços;
thiago ponce
fernando e thiago, fiquem à vontade, o beco é de todos. valeu pela visita.
abraços
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