07 janeiro, 2006

ÂNGULO 3

Ela irá em repentino ir. Vôo e chão. Dirigirá a toda velocidade não sabendo aonde ir. Indo. A mão desconectada no volante. O pé desconexo no acelerador. Bifurcação? Dos dois lados nenhum. Urgência em encontrar um caminho. Subitaneidades adormecidas explodirão em móveis cores caladas. Ela vai pensar em telefonar para o amigo arquiteto. Mas se lembrando. Havia prometido à filha nunca mais se encontrar com ele. Ela seguirá o caminho de grutas sombrias e imersões sem reflexos. Nunca mais? Nunca menos. Nunca nada. Nunca nunca. Vento ventania vendaval. Urgência velozmente fluxo mover ir. Onde aonde ir? De onde? Desde. Lado nenhuns. A viagem prescrita entre as negações de bocas inteiras em metades de palavras. A meia- lua se pondo no horizonte sem horizontes. Ela ficará em escuros mapas. Velozmente refluxos. Ela nunca verá onde começa o arco-íris. Recuará além do violeta e avançará aquém do vermelho. Vermelhos. Desvermelhos. Ultravermelhos. Sub-roxos. Ela irá onde de onde onda flecha minuto. Onde aonde? Nem reverá os dois lados de sua vida. Pensará na ultra- passagem não pensando. Desbifurcação desencruzilhada irremediável nenhum foz. Lado nenhuns. O cerco do ir. O círculo móvel fechando moles direções. Desaguadouro de seus rios termináveis.

As doze cores do vermelho, Helena Parente Cunha, editora UFRJ

1 Comments:

Blogger virna said...

muito bonito. a tensão que se mantém durante toda a narrativa.

15 janeiro, 2006 15:43  

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