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A Espiral e o Quadrado
A Espiral e o Quadrado
Crer que os dois personagens e a sala de um fausto declinante onde se encontram tenham para o narrador mais nitidez que o texto - vagarosamente elaborado e onde cada palavra se revela aos poucos, passo a passo com o mundo nelas refletido - seria enganoso. Não haveria cidades sonhadas se não construíssemos cidades verdadeiras. Elas dão consistência, na imaginação humana, às que só existem no nome e no desenho. Mas às cidades vistas nos mapas inventado, ligadas a um espaço irreal, com limites fictícios e uma topografia ilusória, faltam paredes e ar. Elas não têm a consistência da prancheta, do transferidor ou do nanquim com que trabalha o cartógrafo: nascem com o desenho e assumem realidade sobre a folha em branco. Aonde chegria o inadvertido viajante que ignorasse este princípio? Elaborar um mapa de cidades ou de continentes imaginários, com seu relevo e contorno, assemelha-se portanto a uma viagem no informe. Pouco sabe do invento o inventor, antes de o desvendar com o seu trabalho. assim na construção aqui iniciada. Só um elemento, por enquanto, é claro e definitivo: rege-a uma espiral, se ponto de partida, sua matriz, seu núcleo.
AVALOVARA, de Osman Lins.
4 Comments:
excelente descoberta, este texto.
Li uns trechos desse livro. Sim, é uma bela pancada mesmo.
Está rolando há tempos, estou com vontade de ler por todo.
Encomendei hoje o Galáxias do mestre Haroldo.
E outra: essa imagem da espiral tem me atordoado desde que terminei de ler a obra do Yeats (ótimo poeta irlandes; o melhor, talvez, dos últimos).
Espiral é uma grande imagem poética. Nem se cabe. Vejamos o que vai se dar.
Feliz ano novo a todos.
Thiago Ponce
Uau.
Estava pensando em Yeats esses dias para o proximo post.
Perfeito.
Feliz ano novo.
aaaaaaaaaaaaah
Osman Lins.
digam que leram todo o Avalovara. Mais o Nove, Novena...
muda tudo.
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