25 março, 2005

casa de vó

Todos os dias à noite depois da janta, minha avó oferecia café preto sem açúcar para São Benedito e a lagartixa aparecia no vitrô da cozinha para caçar moscas.
Eu participava da cena coletando com o dedo indicador as migalhas de pão espalhadas sobre a toalha estampada de flores azuis e levando aqueles pedaços dourados até a boca.
Depois, minha avó ia até o banheiro tirar a dentadura e recomendar-me usar um lenço de seda ao despir-me para não bagunçar o cabelo.
Então, o relógio batia alguma hora muito tarde e meu avô dizia: “criançada está na hora de dormir”.
Meus irmãos e eu subíamos a escada de gatinho. A Dani levava o penico azul.
Pulávamos sem parar sobre a cama até ouvir algum berro dos velhinhos.
Hoje senti saudades dos azulejos verde água da cozinha e das paredes rosadas daquela casa.