26 agosto, 2005

Na época em que João J. escrevia cartas a Antônia

ela era menina e enfrentava o mundo com o silêncio. E se achava muito rebelde, descendo sempre em altura com seus infinitos não ditos e olhar firme nos olhos de quem ousasse a olhar.
E João J. lhe escrevia cartas.
Cartas fundas, desenhadas com letra corrida, quase deitada na palavra seguinte - sempre muito bela. João J. só sabia desenhar palavra bela.
E foi assim que João J. ganhou a rebelde Antônia e fez com que ela, menina, quisesse ser João J. quando crescesse.
Passados tantos anos, Antônia ainda quer ser João J. - que, até hoje, a toca em profundeza, com as cartas antigas que ela encontra, de vez em quando, escondidas no meio de um livro.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E eu mereço tanto? Precisamos nos encontrar nos nossos desencontros de sempre. Beijo.

29 agosto, 2005 18:29  
Blogger Carla Kinzo said...

=)

30 agosto, 2005 15:02  
Blogger vanessa reis said...

se eu puder invadir este entrecartas...

gostei deverasmente, Antônia.

13 setembro, 2005 13:13  
Blogger Carla Kinzo said...

benvinda invasão, v.
venha sempre

14 setembro, 2005 21:31  

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