06 dezembro, 2005























Giuseppe Arcimboldo. The Librarian, 1556





Claudio Daniel



Zauberbuch

a Jorge Luis Borges


Todos
os livros
— os Sutras, o Corão
os Vedas, o Zohar —
são enigmas: jardins verticais
rios insubmissos
listras de mármore possesso;
todas as páginas
— em lâminas de argila, pele de carneiro
folhas de papyro ou rubro ouro esculpido —
são impossíveis, viscerais
areia alucinada.
Os livros, Borges, inventam os leitores
e os nomes de vales, savanas, estepes
e de amplas avenidas que ignoramos;
vivemos essa efêmera realidade
para lermos suas secretas linhas,
e nossos filhos e netos.
Um dia, porém, os livros
— últimos demiurgos — desaparecerão,
como o grifo e o licorne
e ler será apenas lenda.




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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pablo! Legal te encontrar lá no Caderno V! Vamos ver se nos encontramos qualquer dia desses! Beijos

06 dezembro, 2005 20:18  
Anonymous Anônimo said...

olá celso! o claudio tem mesmo um domínio impressionante da linguagem, dá muito prazer de lê-lo.
abraço


daniela, claro, vamos sim! há algum tempo quero retornar para sampa, no primeiro ensejo desembarco aí de novo.
estou acompanhando suas traduções do michaux, estão ótimas.

beijo

07 dezembro, 2005 14:40  

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