Giuseppe Arcimboldo. The Librarian, 1556
Claudio Daniel
Zauberbuch
a Jorge Luis Borges
Todos
os livros
— os Sutras, o Corão
os Vedas, o Zohar —
são enigmas: jardins verticais
rios insubmissos
listras de mármore possesso;
todas as páginas
— em lâminas de argila, pele de carneiro
folhas de papyro ou rubro ouro esculpido —
são impossíveis, viscerais
areia alucinada.
Os livros, Borges, inventam os leitores
e os nomes de vales, savanas, estepes
e de amplas avenidas que ignoramos;
vivemos essa efêmera realidade
para lermos suas secretas linhas,
e nossos filhos e netos.
Um dia, porém, os livros
— últimos demiurgos — desaparecerão,
como o grifo e o licorne
e ler será apenas lenda.
.
2 Comments:
Pablo! Legal te encontrar lá no Caderno V! Vamos ver se nos encontramos qualquer dia desses! Beijos
olá celso! o claudio tem mesmo um domínio impressionante da linguagem, dá muito prazer de lê-lo.
abraço
daniela, claro, vamos sim! há algum tempo quero retornar para sampa, no primeiro ensejo desembarco aí de novo.
estou acompanhando suas traduções do michaux, estão ótimas.
beijo
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