os gestos de recuo de ana leite e joão valdevino
*
atrás dos olhos
Chegou a pensar nela no caminho. Os cabelos compridos, sempre presos. O jeito tímido, os olhos pra dentro. Estranha demais, quieta demais, sem beleza. Lembrou-se do sanduíche, já amassado dentro da sacola. Desfez o embrulho de alumínio e, já tomado pela imagem dela, a viu na cozinha cortando aquele pão, devagar, cuidadosa. Pensou nela na porta de seu quarto, encostada no batente, a luz forte entrando por trás. Ela na sombra, quase uma aparição.
E então, não parava mais de pensar.
Virou o rosto pra janela, já estava longe. Fechou os olhos pra esquecer.
Sentiu água neles. Apertou as pálpebras e saiu uma lágrima fina que não limpou, porque ninguém via e estava escuro.
atrás do sono
Ficou um tempo na cozinha depois que ele saiu. Ainda não era noite quando dormiu, estava tão cansada. De manhã, acordou mais cedo do que o habitual. Não havia sol, mas já estava claro. Ficou deitada, de olhos abertos. Lembrou de imagens de um sonho; um portão laranja, uma casa de madeira, um homem de olhos azuis e cabelos grisalhos que sorri.
Virou o rosto pra janela, já estava longe. Fechou os olhos pra lembrar.
Mas dormiu, sonhou e quando acordou novamente o sol estava alto.
Nunca mais se lembraria do portão, da casa de madeira e do homem que sorria.
Levantou, calçou as sandálias e andou pela casa vazia, sentindo no corredor a falta dele.
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atrás dos olhos
Chegou a pensar nela no caminho. Os cabelos compridos, sempre presos. O jeito tímido, os olhos pra dentro. Estranha demais, quieta demais, sem beleza. Lembrou-se do sanduíche, já amassado dentro da sacola. Desfez o embrulho de alumínio e, já tomado pela imagem dela, a viu na cozinha cortando aquele pão, devagar, cuidadosa. Pensou nela na porta de seu quarto, encostada no batente, a luz forte entrando por trás. Ela na sombra, quase uma aparição.
E então, não parava mais de pensar.
Virou o rosto pra janela, já estava longe. Fechou os olhos pra esquecer.
Sentiu água neles. Apertou as pálpebras e saiu uma lágrima fina que não limpou, porque ninguém via e estava escuro.
atrás do sono
Ficou um tempo na cozinha depois que ele saiu. Ainda não era noite quando dormiu, estava tão cansada. De manhã, acordou mais cedo do que o habitual. Não havia sol, mas já estava claro. Ficou deitada, de olhos abertos. Lembrou de imagens de um sonho; um portão laranja, uma casa de madeira, um homem de olhos azuis e cabelos grisalhos que sorri.
Virou o rosto pra janela, já estava longe. Fechou os olhos pra lembrar.
Mas dormiu, sonhou e quando acordou novamente o sol estava alto.
Nunca mais se lembraria do portão, da casa de madeira e do homem que sorria.
Levantou, calçou as sandálias e andou pela casa vazia, sentindo no corredor a falta dele.
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