01 abril, 2005

diálogo


Tenho me sentido estranho; ele lhe confidenciou, de repente, no respiro entre a frase recém ouvida e a outra que sabia que iria escutar.
Voltavam de carro da cidade para casa, a estrada vazia e uma vontade repentina de desabafar.

Estranho como? – ela perguntou, um pouco confusa com a interrupção.

Não sei. Parece que tenho que fazer muitas vezes ao dia um esforço tão grande. Quase físico...

E calou-se, tão de repente como começara.

Esforço pra quê? – perguntou devagar, com receio que ele não continuasse.

Pra não ficar triste.

E terminou a frase já arrependido do início daquele assunto.

Mas ela não chegou a entender seu ficar triste. Mesmo assim não perguntou. Achou melhor deixá-lo falar livremente, o que quisesse (e se quisesse).

Do outro lado, ele se sentia incomodado. Ou quase estúpido, deixando de terminar as frases - e pedindo, nas reticências, que ela continuasse perguntando.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

às vezes também sinto que tenho que fazer esforço...e nem sempre (ou melhor, quase nunca) o esforço dá resultado. Ai, ai...

01 abril, 2005 16:56  
Anonymous Anônimo said...

je te comprends, fleur
c´est pas facile
mais on doit faire l´effort toujours

01 abril, 2005 20:08  

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