02 abril, 2005

Mulheres de tinta

Joana aceitou ser todos os olhos de todas as criaturas pinceladas por ela. As mulheres acrílicas doaram-lhe o cheiro de suas peles e suas vias secretas de sentir prazer.
Joana, uma mulher só, precisou se infiltrar pelas dobras da noite, saciar-se nos espaços entre os toques, despertar a sensibilidade sob as unhas para compartilhar sua entrega.
Joana enxergou a breve silhueta do amante com camadas de tinta. As outras mulheres bidimensionais também o amavam, também o sentiam.
Na manhã seguinte, Joana estava arredia. Ela cedeu às criações e esqueceu-se do ciúme que agora voltava avassalador, junto ao medo de se submeter aos estranhos códigos da pintura.
E Joana era de tinta também.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ECLESIASTES

"Seuleute suy et seulete vueil estre
Seulete m´a mon doulx ami laissiee"

Christine de Pisan

Tempo de foder
tempo de não foder
saber gerir
os tempos
compor
saber estar sozinha
para saber estar contigo
e vice-versa
aqui estão as minhas contas
do que foi

Adília Lopes

03 abril, 2005 14:23  
Blogger vanessa reis said...

ai, queria conseguir comentar com propriedade. terei que deixar para um momento de menor pressa. fica aqui que isso é bom.

15 abril, 2005 18:03  

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