Les Pas
Tes pas, enfants de mon silence,
Saintement, lentement placés,
Vers le lit de ma vigilance
Procédent muets et glacés.
Personne pure, ombre divine,
Qu´ils sont doux tes pas retenus!
Dieu! - tous les dons que je devine
Viennent à moi sur ces pieds nus!
Si, de tes lèvres avancées,
Tu prépares pour l´apaiser,
A l´habitant de mês pensées
La nourriture d´un baiser,
Ne hâtes pas cet acte tendre,
Douceur d´être et de n´être pas,
Car j´ai vécu de vous attendre,
Et mon coeur n´était que vous pas.
Paul Valéry
O Passo
Teu passo, inato ao meu silêncio,
beira sagradamente, a fio,
meu leito insone e, com imenso
vagar, vem vindo mudo e frio.
Sombra divina, forma pura:
Deus!... tudo o que de bom supus
- passo contido, que doçura! -
já se aproxima com pés nus.
Se, lábios entreabertos, frente
a mim, reservas ao desejo
faminto que me ocupa a mente
este alimento que é teu beijo,
mantém o enlevo ainda à parte
(no doce impasse existo e passo)
pois, ao viver só de esperar-te,
meu coração pôs-se em teu passo.
tradução de Nelson Ascher
Os passos
Filhos do meu silêncio amante,
Teus passos santos e pausados,
Para o meu leito vigilante
Caminham mudos e gelados.
Que bons que são, vulto divino,
Puro ser, teus passos contidos!
Deuses!... os bens do meu destino
Me vêm sôbre êsses pés despidos.
Se trazes, nos lábios risonhos,
Para saciar o seu desejo,
Ao habitante dos meus sonhos
O alimento feliz de um beijo,
Retarda essa atitude terna,
Ser e não ser, dom com que faço
Da vida a tua espera eterna,
E do coração o teu passo.
tradução de Guilherme de Almeida
Tes pas, enfants de mon silence,
Saintement, lentement placés,
Vers le lit de ma vigilance
Procédent muets et glacés.
Personne pure, ombre divine,
Qu´ils sont doux tes pas retenus!
Dieu! - tous les dons que je devine
Viennent à moi sur ces pieds nus!
Si, de tes lèvres avancées,
Tu prépares pour l´apaiser,
A l´habitant de mês pensées
La nourriture d´un baiser,
Ne hâtes pas cet acte tendre,
Douceur d´être et de n´être pas,
Car j´ai vécu de vous attendre,
Et mon coeur n´était que vous pas.
Paul Valéry
O Passo
Teu passo, inato ao meu silêncio,
beira sagradamente, a fio,
meu leito insone e, com imenso
vagar, vem vindo mudo e frio.
Sombra divina, forma pura:
Deus!... tudo o que de bom supus
- passo contido, que doçura! -
já se aproxima com pés nus.
Se, lábios entreabertos, frente
a mim, reservas ao desejo
faminto que me ocupa a mente
este alimento que é teu beijo,
mantém o enlevo ainda à parte
(no doce impasse existo e passo)
pois, ao viver só de esperar-te,
meu coração pôs-se em teu passo.
tradução de Nelson Ascher
Os passos
Filhos do meu silêncio amante,
Teus passos santos e pausados,
Para o meu leito vigilante
Caminham mudos e gelados.
Que bons que são, vulto divino,
Puro ser, teus passos contidos!
Deuses!... os bens do meu destino
Me vêm sôbre êsses pés despidos.
Se trazes, nos lábios risonhos,
Para saciar o seu desejo,
Ao habitante dos meus sonhos
O alimento feliz de um beijo,
Retarda essa atitude terna,
Ser e não ser, dom com que faço
Da vida a tua espera eterna,
E do coração o teu passo.
tradução de Guilherme de Almeida