21 fevereiro, 2007

Uma Palavrinha sobre os Escrevinhadores de
Poemas Rápidos e Modernos


é muito fácil parecer moderno
enquanto se é na realidade o maior idiota
.........................................................jamais nascido;
eu sei: eu joguei fora um material horrível
mas não tão horrível como o que leio nas revistas;
eu tenho uma honestidade interior nascida de putas e
..............hospitais
que não me deixará fingir que sou
uma coisa que não não sou -
o que seria um duplo fracasso: o fracasso de uma pessoa
na poesia
e o fracasso de uma pessoa
na vida.
e quando você falha na poesia
você erra a vida,
e quando você falha na vida
você nunca nasceu
não importa o que digam as estatísticas
nem qual o nome que sua mãe lhe deu.
as arquibancadas estão cheias de mortos
aclamando um vencedor
esperando um número que os carregue de volta
para a vida,
mas não é tão fácil assim -
tal como no poema:
se você está morto
você podia também ser enterrado
e jogar fora a máquina de escrever
e parar de se enganar com
poemas........cavalos........mulheres........a vida:
você está entulhando
a saída -
portanto saia logo
e desista das
poucas preciosas
páginas.





(Charles Bukowski. tradução de Jorge Wanderley)

01 fevereiro, 2007

XIII.

Penso em teu sexo.
Simplificado o coração, penso em teu sexo,
perante o maduro ventre do dia.
Apalpo o botão do gozo, está de tempo.
E morre um sentimento antigo,
degenerado em prudência.

Penso em teu sexo, sulco mais prolífico
e harmonioso que o ventre da Sombra,
conquanto possa a Morte conceber e parir
do próprio Deus.

Oh Consciência,
penso, sim, no bruto livre
que goza onde quer, onde pode.

Oh escândalo de mel dos crepúsculos.
Oh estrondo mudo.

Odumodneurtse!




(César Vallejo. poesia completa; philobiblion, rioarte, 1984. Tradução de Thiago de Mello)